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terça-feira, maio 13, 2008

De Que É Feito Portugal?

o caminho de um passado
faz da vontade acreditar
sem perceber que o passado
não nos leva a nenhum lugar

oh Portugal inconsciente
de que é feito tua bravura?
saiu num ápice e voltou para o ventre
da espera nas ruas da amargura

escreveram sobre o Quinto Império,
Fernando Pessoa - o homem mistério -
tentou ver o que ninguém via;
ver que podiamos sonhar em alcançar
os objectivos entretanto esquecidos
e não sermos uma mentira.

dele sobram as memórias
em plenas marcas na história
e ainda podemos ler.
nós, pois, vivemos na sombra
de uma história passada na glória
que teima em não viver.

a Mensagem que nos deixou
d'Os Lusíadas quase levantou
uma prespectiva cheia de fé.
mas o Império nunca foi o Quinto
e D. Sebastião nunca chegou
em nenhuma manhã de nevoeiro.

nevoeiro é o que somos
na confusão do que queremos ser
a incerteza sem solução.
e que tal soltar a raiva
a velha glória esquecer e
uma nova erguer:
outro sentido para a nação.


13 de Maio 2008
Hugo Sousa

quinta-feira, março 06, 2008

Uma Certa Frieza

doa a quem doer aquilo que a mim não dói
se com frieza actuei, é coisa sem controlo
tijolo a tijolo fui construindo o muro
que divide a simpatia do resto do mundo.

tijolo a tijolo é como quem diz;
sapatadas monstruosas que nada servem à pele
antes ao coração que me compõe o corpo
um parecer simpático próximo do morto.


06 de Março 2008
Hugo Sousa

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Minha Mulher Morta (A Tendência Dos Três M's)

rabiscam-se projectos de vida
riscam-se nomes pela morte
ora vivem como desaparecem
os dias de alguma sorte

contam-se anos, alguns contam dias
aqui não existe hora marcada
como os filmes no cinema
quando chega é sempre inesperada e
deixa os vivos num bom dilema

o que tivemos para contar
afinal não foi muito, foi mesmo nada
morreu também com a mulher estendida
que pela morte foi arrastada

tornam-se inúteis as memórias fotografadas
o telefone toca e do outro lado não falas
se chamo o teu nome e tu não ouves
se te peço amor e não respondes

a qualquer hora pode chegar
que fosse esta a hora eu não esperava
agora estendida pela morte arrastada
procuro-me no teu eterno olhar
fechado

minha mulher morta:
mulher, morte a minha
minha morte, mulher:
Morte, mulher minha


11 de Janeiro 2008
Hugo Sousa

Somos Dois

não consigo conter as lágrimas
dizes-me tu por palavras,
eu não vejo esse choro compulsivo
no cair do mundo, quando estou contigo.

como um Fado cantado por mulheres,
choras sempre onde quiseres
só não choras quando estás comigo.

raramente somos nós
neste tremor que nos sustem
repetidamente somos dois
na calmia que se espera depois.

deixa-me agarrar e entrar em ti
para que deixemos esta separação
dói-me muito viver assim
teres-me só às vezes, no coração.


11 de Janeiro 2008
Hugo Sousa

Nossa Própria Agressão

incomoda-me estes dias infelizmente normais
acordar de noite e respirar o cortante ar frio das manhãs
mergulhar no fumo adormecido do mundo
pelo roncar do meu carro avisado

somos o centro da insignificante tristeza do mundo
ignorando a guerra e a fome de outros sítios
- pondo isso de lado - somos a vivida depressão
os culpados da nossa própria agressão

já no trânsito caótico seguro a testa com a mão
os dias correm sempre na mesma direcção
o elevador daquele edíficio espera-me ansioso
como se eu fosse alimento essêncial
ele já sem forças e eu sem humor:
tumor benigno, tumor

somos o centro da insignificante tristeza do mundo
os culpados desde há muitas gerações
vivemos numa forte e pesada depressão
a nossa própria agressão

dentro do escritório entrego-me à monotonia
sentado na cadeira como um prisioneiro de Alcatraz
soltam-se pensamentos sobre a vida
"não sou dono de mim até à hora de saida".


11 de Janeiro 2008
Hugo Sousa

Atrás Da Porta Encostada

chega o momento aos bocados
segundo a segundo
atrás da porta encostada.
sinto-lhe o cheiro com o vento,
a corrente de ar pela janela aberta provocada
o momento de nada, o vazio
atrás da porta encostada.
a solidão acompanha-o, espera
o toque da campainha que não existe e
acompanha todos os momentos que
espreitam atrás da porta encostada.
na casa sempre vazia:
a lareira por acender
a loiça por lavar
a cama por fazer
a planta morta por regar.
na casa sempre vazia
só a solidão pode morar,
a solidão e eu
com o momento vazio, atrás da porta encostada,
a espreitar.


11 de Janeiro 2008
Hugo Sousa

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Tu Pediste-me

tu pediste-me e eu dei-te
a loucura formalizada nas palavras
com o anseio de construir o castelo
que nos vai servir de casa.
assentemos nossos corações nas pedras
que sustêm os murais enlodados
pela vida adormecida enquanto noite:
eu e tu naquele quarto.
dou-te as palavras que me pediste
sem usares a tua requintada voz
escreveste no diário de um pensamento
essa tua vontade atroz e eu dei-te
as palavras que me pediste e
um coração entre as mãos:
o mundo só para ti


9 de Janeiro 2008
Hugo Sousa

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Viagem Sem Fim

entra nesta viagem sem fim
um barco de palavras foi o que consegui
para nos levar à verdade do mundo
temos pela frente um mar imenso
onde vos apresento o que penso
no meu coração moribundo

por outras terras vamos passar
com a vontade de navegar
entrelaçada nos sentimentos
por ilhas e continentes,
as palavras mordidas pelos dentes
espalhadas p'ra lá do cabo dos tormentos

com culturas que nos são estranhas
espremê-las até às entranhas e
enriquecer a nossa sabedoria
as comidas e os cotumes legais
pelas nossas peles morenas jamais
cairão em desuso e serão esquecidas

entra nesta viagem sem fim
um barco de poesia foi o que consegui
para nos levar à verdade do mundo
as palavras nunca antes ditas,
dúvidas na existência de belas rimas
atordoadas por um vazio profundo

entra nesta viagem sem fim
um barco de palavras foi o que consegui
para todos: para mim: para ti

entra nesta viagem sem fim


28 de Dezembro 2007
Hugo Sousa

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Mal Do Bicho Que Não Sai

mal do bicho que não sai
do esconderijo calcado
pelos pés de quem vai
através do mundo desolado

as paredes daqueles encostos
com a cabeça descaída
os braços ligeiramente mortos
enquanto se pensa na vida

mal do bicho que não sai
do esconderijo coberto
pelo andar de quem pisa
terras quentes deste deserto

estão palavras magoadas
nas conversas que nos consomem
as ofensas abusadas
da mulher para o homem

mal do bicho que não sai
da toca funda escurecida
pela noite que nos chega
com tuas ofensas adormecia


21 de Dezembro 2007
Hugo Sousa

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Quando Dizes Adeus

sempre que dizes adeus
a porta abre-se e tu vais
para o teu mundo sem
levar pensamentos meus
caminhas e sobre as pernas
vai a mulher mais bela
para o mundo que é só teu
sem levares pensamentos meus
os últimos beijos antes de ires
a minha pele que no adeus
fica num vermelho empalidecido
quando vais sem pensamentos meus
nos braços perco a força
o peito sente-se descoberto
sem o peso da tua cabeça
com algum meu pensamento

quando dizes até já
é um tempo que não volta
ou parece não voltar
as horas não se apressam
nos restos de dia que começam
com um último teu olhar
"Até já, vida"


19 de Dezembro 2007
Hugo Sousa

Sonhos Altos

desprenderam-se as mãos
das correntes presas no tecto
a queda em seco no chão
partiu ossos e rasgou a pele

eleva-se o sonho
mais dura é a queda
mais...mais...mais...
muito mais dura é a vida

partem-se ossos
rasga-se a pele e
um estilhaço rebenta o coração
os pássaros mudam de fontela,
cor de chumbo sobre a janela e
a inocência perdida,
no sonho alto demais,
é esquecida.

a vida é mais dura
com os sonhos de loucura
tão altos arranha-céus,
são estes sonhos meus
onde deixo a minha assinatura:
Morte.


19 de Dezembro 2007
Hugo Sousa

terça-feira, dezembro 18, 2007

Pela Forma Do Que És

pela forma do que és
desdenho o que não sou,
imortalizo a insegurança e
desta maneira me dou.

se quiseres abraçar-me
envolve-me no teu leito
devolve o sentimentalismo
de que sou feito.

não magoes a paz
que desejo pela manhã,
mergulhado no teu beijo
me imagino ao acordar.
arranco-me da cama com
um ar de cansado, agastado,
a imagem no espelho mergulhado
no teu último olhar.


18 de Dezembro 2007
Hugo Sousa

sexta-feira, novembro 23, 2007

Caminhos Perdidos E O Que Fomos, Esquecidos.

vamos seguir por outros caminhos,
por estradas pisadas mas esquecidas e
devolver-nos aquilo que já fomos.


23 de Novembro 2007
Hugo Sousa

quinta-feira, novembro 22, 2007

Nem No Colchão Existem Dias

vieste a meio da noite
descalça e semi-nua
à procura de um dia perdido.
eu disse-te que os dias
já não se encontram entre nós.

deitei-me no chão e
deixei-te dormir no colchão esquecido.


22 de Novembro 2007
Hugo Sousa

segunda-feira, novembro 19, 2007

Sem Nome

o tempo vestiu a minha pele
ou eu vesti a pele do tempo
não sei, não sei.
só sei que é uma pele
áspera e chuvosa e fria.


19 de Novembro 2007
Hugo Sousa

sábado, outubro 13, 2007

Vou Contemplar-te

vou contemplar-te
até ao fim dos meus dias
e fazer do rugido das minhas palavras
o louvor do amor.o hino.

Hugo Sousa

Naquele Sonho

naquele sonho atrás dos prédios,
ele fazia das veias a raiz de cada árvore
com o florescer amarelo da flor.
ela mexia na terra com as mãos
ao olhar a cor daquele amor
e tocava-lhe os braços
e abraçava-lhe o coração.

Hugo Sousa

quinta-feira, abril 26, 2007

Restou Um Espaço Por Ocupar

restou um espaço por ocupar
um lugar onde toda a liberdade existe
só tu é que partiste.

nada disto se parece novo
já o passei outras tantas vezes;
apenas novas caras e novos corpos.

deixaste uma cadeira vazia
no lugar onde todo o amor existe
e a paixão de que falava.

leva-nos a calma e a tempestade
o vazio nascido de uma ausência.
odeio-te-me em frente ao espelho
que nos transfigura.

a tua doçura,
onde mora a tua doçura?
tenho-lhe saudades e beijos.


Hugo Sousa
26 Abril 2007

Se Me Censuram

se me censuram escrevo mais alto
os dedos não me podem calar
amo a poesia de forma tão pura;
estas palavras apetece-me gritar.

se me censuram não morro
vai sempre restar o que escrito está
ódio, paixão e empatia;
o ciclo, lixo que sou, reciclado.

se me censuram fico mais vivo
a brotar amor com discuro rude
espalhar revolta na ausência
da liberdade que nos prometeram.

na minha poesia tudo vive
"ódio, paixão e empatia";
em nenhum poema me esqueço de ti
seria a paixão que te dirigia.

censuraste-me de maneira tão fria
não me quiseste e foste embora,
o que te escrevo por ti não é lido
qual a diferença entre isso e a censura?


26 Abril 2007
Hugo Sousa

quarta-feira, abril 25, 2007

Dia Do Livro

dia do livro,
de mais um livro e de todos os livros
vivos a furar o tempo, todos os dias.
os dias até hoje.

hoje, o dia de todos os que
conseguiram penetrar no tempo e
atingir a raiz dos anos.
os anos até hoje.

hoje, a marca presente que assina
os olhos de todos com o passado
escrito em capas.
desde sempre, até hoje.


23 Abril 2007
Hugo Sousa