domingo, maio 20, 2007

Árvores de Sanguessugas - II

entre a Primavera e o Verão o tempo vive indeciso. na estrada vivia a dúvida do dia, ora clara com os raios de sol ou por vezes molhada com pingos de chuva. o suor na testa do Hugo é só o suor de quem aventura o corpo a sentir a rua. os passos inconstantes enganavam toda a matemática que tentasse definir uma formula padrão para o calculo distâncial entre cada patada sem sentido obrigatório. caminhava com sintomas de tonturas: desenhava ondas oscilatórias no eixo das ordenadas e de quando em vez, a mão tocava no muro lateral que o acompanhava.

"puta aquela que se move por baixo dos meus passos" - a terra quente e húmida como qualquer acto sexual, caminhos verdes e as pedras cinzentas.

a cabeça roda cento e oitenta graus, os olhos é como se fossem cegos. para fora do corpo só se avistava caminhos verdes e pedras cinzentas e mais ninguém. As sanguessugas, destruidoras de centros sentimentais existem, andam à espreita do latejar da bomba atómica dos corpos para a fazerem explodir, para a rebentarem com um beijo e dinamite.

desde sempre fui educado a saber perder mas, estou farto de não ganhar. encerraram as apostas.

20 Maio 2007
Hugo Sousa

1 comentário:

Anónimo disse...

apesar de saber que isto vem tudo da tua cabeça fico toda orgulhosa por saber em alguns trabalhos que tu te baseaste eh eh eh eh mas este texto é mais triste derrotista...nao achas arriscado pores-te como persnagem?é sempre doloroso!