o Medo está ausente. nestas noites mais pálidas, encarna a vontade de deambular pelas ruas, entre paredes e descampados. leva nos olhos uns óculos escuros para o disfarce. todos desejam esconder os medos, e o Medo tenta o disfarce. é conhecido na morta vizinhança como o estripador, é visto por todos os olhos como o penetra corpos. leva numa mão, subtilmente ligada ao pulso por uma corrente, a faca. na outra, protegida por uma gasta luva vermelha, transporta o peso do encontro da mão dele com a mão esquerda da Paixão. Paixão é nova. regista na pele vinte e dois anos e nos dedos sangue de corações.
percepções - o verde acastanhado das ervas entre os paralelos do parque de estacionamento tentam arrebitar. as pedras cinzentas posicionam-se geométricamente iguais. é sempre tudo tão igual. da janela do quarto andar, Desgaste manda a última beata, do último cigarro, em queda livre até ao murmúrio do eco silencioso de encontro com o chão. a Solidão sorri. o sonho é quase a perfeição em acontecimentos. na outra ponta, estalavam as molas do colchão de Loucura. o som beliscava a casa. eu sentado na cadeira da cozinha. Desgaste encostado à janela, da cozinha, já fechada. a chave cravou na fechadura. Embriaguez acabara de chegar.
- / - (falta o dialogo que não será publicado no blog)
a casa estremeceu. não pelo barulho repentino, não do tom bruto das palavras. finalmente uma aparição de vida aconteceu. da porta de entrada à cozinha são três passos para a esquerda. para a sala, ocupada por uma decoração na penumbra, bastavam dois passos em frente. Solidão surgiu, vinda da direita, com doze patadas suaves sobre o chão frio até Embriaguez.
- / - (falta o dialogo que não será publicado no blog)
percepções - Embriaguez dá voz a um vulto, envoca a Solidão enquanto tomba cinquenta e oito quilos para a frente. Solidão verga-se repentinamente sem burocracias. Desgaste ajuda.
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percepção - é erguida com as forças precisas para o derrube da muralha da China. um foguetão não causaria tal impacto, no arranque contra a terra, como o estrondo da cabeça contra a porta. e as sanguessugas? essas macabras bocas, piores que piolhos e putas.
23 Maio 2007
1 comentário:
ok eu sabia que tinha lido noutro sentido os textos agora os comentarios saiem trocados, não há mal absorves o mais importante e limpas os floreados...gosto bastante desta ideia sabes, faz-me lembrar os sete pecados mortais, é como se entrasses em casa e sentisses "esta é a minha casa" estás a ver, acho que tens continuar a dar cordão ao salto
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