vou continuar, da mesma forma que sou,
- simples e discreto - a gostar de ti
vou continuar a querer o teu pescoço
para poder beijar a pele descoberta
ou beijar-te com um olhar envergonhado
vou continuar os dias por longos e
largos caminhos a respirar o teu ar,
fechar os olhos depois de te cruzar
vou continuar a mexer nas nuvens até
parecer existente um desenho meu e teu
afixado num lugar clandestino no céu
vou continuar a tocar-me pensando
na lingua a percorrer-te e a tocar-te:
desejo para além do pensamento
vou continuar a levar comigo
o sabor do teu cheiro morto nos lábios,
epicentro deste terramoto
devastador é quando o telefone não toca
e nada chama pelo nosso nome,
pela nossa incongruente presença
vou continuar continuamente...a continuar,
só assim consigo suster a bala
mortalmente pronta a atingir o objectivo
vou continuar a regar as flores
que plantei em teu redor, nos sonhos
mais singelos e inocentes
vou continuar a deixar consumir-me pelo
rato roedor que vive dentro de mim,
atiçando os nervos consequentes da tua indiferença
vou continuar até que nada me seja imposto,
enquanto a morte me permite ser eu
e deixe que continue a sentir-te
o telefone não toca e
nada chama pelo meu nome,
pela minha incongruente presença
3 Abril 2007
Hugo Sousa
Sem comentários:
Enviar um comentário