segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Não Tenho Horas, Não Tenho Tempo

ainda é cedo, o tempo ainda não chegou para secar a água morta: restos de chuva. ainda é cedo
para te acordar e observar a tua pele clara de quem dormiu, de quem sonhou e não me chamou no sonho: ainda é cedo. é cedo para achar que ainda é possivel não ser tarde. corpos renascem de
corpos, morro todas as noites para me salvar de todos os dias. neste vazio não existem paredes, a limitação permanece a levitar na imaginação: sombras de álguem na parede: ainda é cedo.

na vertical, pés acentes no chão do quarto, braços abertos a fechar num abraço comigo a mim mesmo, a mim e só a mim: eu e sempre tão só eu, sozinho: a mim, comigo sempre, idem aspas, eu para mim com abraços vertiginosos no ar deste delirio: ainda é cedo.

é sempre cedo até à cama eterna, nunca é tarde enquanto só me abraçar a mim, no quarto com luz da rua a violar persianas e a embater, com a mesma violência da violação das persianas, na parede branca e escura: ainda é noite: ainda é cedo.

1 comentário:

Anónimo disse...

como aprendi...fragmentos com corpos dentro :) andas todo inspirando, o mundo que nos rodeia de facto é obra!