terça-feira, dezembro 26, 2006

Na Desistência Está A Virtude Quando Nada Vale A Pena

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chegaste e eu nem sabia o nome,
não conhecia o perfume que
ardeu em mim, fiquei lume e
em lume ardi com o silêncio
da poesia a queimar-me os dedos e
as mãos e os braços e os pés e as pernas.
tu e a poesia, deixaram-me sozinho
deitado na penumbra da brisa noctívaga,
perdida com a ternura dos teus cabelos
a tocar-te nas costas, na pele macia como que a
areia das dunas e o vento brando.
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uma cama nova e com tão pouco sono,
dormir sem sonhar a pensar em ti é
a falta de folhas e de tristeza no Outono.
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os loucos queimam-se aos poucos e vivem demais
sentem demais e o demais é sempre muito e tu
fazes-me ser louco, viver muito e sentir muito
e isso é demais como os que se queimam aos poucos.
não vou chorar as lágrimas que não são precisas,
guardo a revolta para o tempo que trará
o arrependimento de ter sido quase um
herói por alguém que não me quis ver.
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os vidros continuam estilhaçados, os pés que
outrora tinha, ficaram a sangrar sem mim.
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não vou caminhar mais por caminhos desconhecidos.
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HUGO SOUSA
26 Dezembro 2006

4 comentários:

Anónimo disse...

"Toda a nossa vida é um enorme lago gelado. No inicio caminhamos a medo, mas logo o desconhecido se torna aquilo que desejamos alcançar e não mais o que tememos. Depressa começamos a deslizar, a ganhar velocidade... num abrir e fechar de olhos chegam os primeiros saltos, as piruetas e há mesmo aqueles que se atrevem com os mortais. Mas é também no exacto momento em que pensamos ter conquistado aquele que é o nosso lago, que o primeiro estilhaço acontece...que a primeira fenda se abre no gelo aparentemente inquebravel. É ai que nos apercebemos da fragilidade das coisas e da própria existencia. E então passamos a dar mais valor, aprendemos a valorizar um simples toque, um simples olhar, um simples mas inesgotável sentir. O problema do sentir é que se esconde bem no fundo de um lago gelado e tenta a todo o custo permanecer vivo por uma pequena labareda de afecto que muitas vezes não chega. E no efémero momento em que nos apercebemos das maravilhas que estão por debaixo de nós, já o sentir se tornou esgotável e o afecto foi extinto."

Solange disse...

Gostava de sentir isso de novo por alguém... sem dúvida que é um sentimento muito bonito.

Anónimo disse...

gosto deste...
nao vou dizer mais nada,se o dissesse estragava tudo identifico esse pensamento ao meu...se ha quem nao ande por caminhos desconhecidos, esse alguem sou eu etc etc*

at3u disse...

pá pouco mais posso dizer do que: ANDA LER-ME ESTE POEMA DEBAIXO DA ARVORE! muito forte