quinta-feira, maio 27, 2004

You Know You're Right - Nirvana

I will never bother you
I will never promise to
I will never follow you
I will never bother you

Never speak a word again
I will crawl away for good

I will move away from here
You won't be afraid of fear
No thought was put into this
I always knew it would come to this

Things have never been so swell
I have never failed to fail

Pain Pain Pain

You know you're right
You know you're right
You know you're right

I'm so warm and calm inside
I no longer have to hide
Let's talk about someone else
Steaming soup begins to melt

Nothing really bothers her
She just wants to love himself
I will move away from here
You won't be afraid of fear
No thought was put into this
I always knew it would come to this

Things have never been so swell
I have never failed to fail
Pain Pain Pain

You know you're right
You know you're right
You know you're right
-
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Nirvana

Palavras para quê? Para se definir um ser humano que escrevia com esta beleza, que através da voz rouca mostrava a sua garra e a sua revolta...como se pode descrever isso?
Há dois dias que tenho uma música na cabeça. Por baixo e atrás dos pensamentos, a mesma música repete-se sem parar. Agora mesmo, neste momento, enquanto escrevo estas palavras, estou a ouvi-la. Ainda por cima nunca gostei desta música. Não gosto da banda, não gosto de nenhum dos seus discos e não consigo parar de ouvi-la na cabeça. Já por algumas vezes, quando havia silêncio à minha volta, dei por mim a sussurrar esta melodia. Quando reparei, calei-me e fiquei zangado comigo próprio. Tento cantar outra coisa, tento limpar a cabeça de ouvi-la, sempre, permanentemente, mas não consigo. Ainda não consegui. Na última vez que a ouvi fora da minha cabeça, o momento do contágio, estava parado no trânsito. Esta música deve esta na playlist da maioria das rádios e, quando começaram os seus primeiros acordes, não mudei de estação porque pareceu-me que uma música assim seria inofensiva. Enganei-me. Arrependo-me agora da minha ingenuidade, mas agora é demasiado tarde, porque estou aqui a escrever estas palavras e, por mais que tente, não consigo abstrair-me desta música repetitiva, deste refrão repetitivo, desta voz que, dentro da minha cabeça, não pára, não pára, não pára. A loucura deve ser qualquer coisa próxima de uma playlist infinita.
Pergunto-me se as pessoas que escolhem as músicas das playlists pensam nisto. Pergunto-me se, também eles, ficam com a música na cabeça durante dias, e repeti-las sempre, sempr, permanentemente. Se isso acontecer, não posso deixar de encontrar aí algum sentido de justiça. Não se trata de um sentimento de vingança. No entanto, penso em todas as pessoas que, como eu, neste momento têm na cabeça uma música que não querem; todas as pessoas que, neste momento, têm na cabeça esta música que ouço enquanto escrevo estas palavras.
Se as pessoas que fazem as playlists ouvirem as músicas que escolhem, de certeza que ficam com elas na cabeça, sem parar, sem parar, sem parar. É justo que assim seja. Só assim poderá chegar o dia em que também essas pessoas percebam, que a loucura é uma playlist infinita.
Nirvana é isto, Pearl Jam é isto, The Doors é isto...os grandes escritores são isto! Nada os descreve, são uma vazio preenchido!

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