sexta-feira, janeiro 11, 2008

Minha Mulher Morta (A Tendência Dos Três M's)

rabiscam-se projectos de vida
riscam-se nomes pela morte
ora vivem como desaparecem
os dias de alguma sorte

contam-se anos, alguns contam dias
aqui não existe hora marcada
como os filmes no cinema
quando chega é sempre inesperada e
deixa os vivos num bom dilema

o que tivemos para contar
afinal não foi muito, foi mesmo nada
morreu também com a mulher estendida
que pela morte foi arrastada

tornam-se inúteis as memórias fotografadas
o telefone toca e do outro lado não falas
se chamo o teu nome e tu não ouves
se te peço amor e não respondes

a qualquer hora pode chegar
que fosse esta a hora eu não esperava
agora estendida pela morte arrastada
procuro-me no teu eterno olhar
fechado

minha mulher morta:
mulher, morte a minha
minha morte, mulher:
Morte, mulher minha


11 de Janeiro 2008
Hugo Sousa

2 comentários:

Anónimo disse...

Nada é inútil quando outrora foste feliz e sabes que o vais ser ainda mais.
"a tendência dos três M's" espectacular, tal como a tua tendência de conseguires terminar as tuas palavras de maneira ainda mais grandiosa...

Anónimo disse...

MMM...
ahah não sei se chegaste lá, mas teria sido uma boa integração de atitue/reacção ao que fui lendo.
Agora falta a expressão certo? Então ora vamos lá...
BEM! A morte no sentido de figuração poetica é uma entidade imaginária que anda por ai com uma foice a ceifar a vida, pode-se dizer que é trabalhadora e ambiciosa e geralmente utilizamos o simbolismo da morte para o eterno certo? E a mulher para o ciclo da vida...correcto?E aquilo que é teu vem de ti certo? ok...boa ponte entre sentidos contrarios que juntos fazem tanto...at least was what i read!