segunda-feira, março 26, 2007

Céu Limpo

penso nas nuvens que se convulsam lá fora,
espreita-las poderia se à janela fosse e
via muito mais que só as nuvens.

agora não, talvez daqui a uns minutos
me possa mexer e da janela ver
as nuvens nervosas bem mais altas do que eu.

secalhar mais logo, quando menos cansaço sentir
e a janela me apeteça abrir,
não só para ver as nuvens mas
também os olhos brilhantes acompanhados por elas.

não neste momento, estou vigorosamente ocupado
a pensar que pensei ainda há poucos segundos
que não quero, agora, ver as nuvens
no céu para lá do olhar contra o tecto.

mesmo que desocupado estivesse,
à janela não ia, porque na sombra do pensamento
desenho a ideia que se existisse vontade
eu estaria a pensar em contradições e
não me levantava de qualquer modo.

sempre em contradição este turbilhão de ideias,
ainda é dia e o céu está limpo,
não percebo a criação destas paisagens,
destas possíveis acções e
deste limite nublado na minha cabeça.

o céu é o máximo infinito quando
não é substituído pelo mais simples pensamento.


HUGO SOUSA
26 Março 2007

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