segunda-feira, novembro 06, 2006

Não Fui Eu Quem Morreu

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Ainda respiro e consigo sentir-me vivo.
Estas pernas que me acompanham,
ainda transpiram como prova de um ressuscitar de
tudo o que estava morto.
Conta-me coisas, quero saber como tens passado,
afinal de contas estou vivo.
Quero ouvir o que tens para me dizer.
Não me escondas coisas, fala-me de coisas, mas
não as escondas por favor.
Estou vivo, repara, com vontade de te ouvir.
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Não, isso não pode ser verdade,
afinal de contas quem morreu fui eu e não tu,
diz-me que estás apenas a assustar-me.
Eras tão segura e tão dona de ti,
eu é que morri, tu continuas viva,
estou aqui para te ouvir;
ressuscitei, voltei a transpirar!
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Acredito que estou morto,e a vida foi tão de passagem.
Passei pela auto-estrada entre o dia em que nasci,
encontrei-me na portagem, em pagamento, quando cresci e,
por fim, cheguei ao destino completamente agastado.
A estrada tinha acabado, mas...para mim?
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Não, eu nunca morri, apenas quis muito acreditar
que realmente consegui ultrapassar a tua tragédia.
Tu que eras tão segura e tão dona de ti,
fizeste-me querer na minha morte, quando
na verdade foi contigo que ela foi ter.
Nem eu morri, nem eu ressuscitei:
vivo a deambular pelas ruas onde te lembro e
me fazes chorar lágrimas de sangue, dentro deste corpo com vida,
por ainda te lembrar.
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HUGO SOUSA

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