quarta-feira, novembro 29, 2006

Morreu O Título

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Falsas verdades com demência, furtivo não consegue apaziguar o
clandestino moribundo mental com um pouco de céu.
Metamorfoses mútuas parecem estátuas em queda sem a mínima hipótese de
se erguerem forçosamente contra o peso do mundo - flutuar flutuando - a vencer,
um pelotão sem destino corre cansado, e agarrar antes de deixar fugir?
Cerimónia após cerimónia gasta-se o tom das roupas e fica tudo repetidamente
tão repetido - vamos brincar, descobrir descobrindo - é igual.
Pálpebras sacodem o receio dos olhares que cruzei, as nódoas que
deixamos uns nos outros: respirando anda calmamente como poesia dita por uma flauta
branca entre as mãos do músico que sopra sem fôlego na flauta branca que respira calmamente a poesia.
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Boom boom, boom boom, outro coração a latejar
bate leve levemente como o meu caminhar.
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Bicos de pés, o silêncio tem que viver e mostrar a insatisfação das coisas e
aproveito também para calar a vontade de apagar o berro da expressão ruborizada,
a timidez é superior.
Sobe, sobe e vai mais fundo em viagens de regressos e voltas, revoltas
que atenuam a mais ingreme rebeldia do passaroco ainda a latejar tão
levemente como o meu caminhar.
Sempre perdido.
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Piiiiiiii, vida fodida, som do fim da linha,
esgotou-se o tempo de reclamar.
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Descansa e o tempo continua a correr para os que sobram e cá ficam.
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HUGO SOUSA